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A sexualidade dos jovens suíços

Ilustração do livro "A sexualidade dos jovens no curso do tempo"

Muitos jovens suíços mantêm sua primeira relação sexual aos 16 ou 17 anos, conforme revela uma pesquisa feita pela Universidade de Basileia para a Comissão Federal para a Infância e a Juventude.

Segundo a Comissão, os jovens precisam de amplo acompanhamento dos pais, da escola e da sociedade nessa área. Depois da Web 2.0 é preciso uma Educação 2.0, dizem psicólogos.

“Precisa-se de um povoado inteiro para educar uma criança.” É com esse ditado africano que a Comissão Federal para a Infância e a Juventude (CFEJ) abre seu relatório “Sexualidade Juvenil ao longo do tempo – mudanças, influências e perspectivas”.

Para o estudo apresentado nesta sexta-feira (16/10), em Berna, a Universidade de Basileia entrevistou 1449 jovens entre 12 e 20 anos em 2008, através da internet. Segundo os resultados, 14% mantêm sua primeira relação sexual aos 13 anos.

No relatório, estes são classificados como “grupo de risco jovens sexualmente ativos”, que atingem cedo a puberdade e frequentemente têm um histórico de “experiências problemáticas”.

Entre o 13° e o 15° ano de vida, mais 5% de jovens se juntam a esse grupo. Outro grande grupo tem sua primeira relação sexual aos 15 (21%), 16 (18%) ou 17 anos (15%). E um terceiro grupo (22%) só depois dos 20 anos.

Segundo os autores do estudo, isso mostra que os jovens de hoje não são mais experientes no campo sexual do que há 20 anos. “Somente entre os acima de 17 anos a maioria tem experiência com relação sexual”, diz o relatório.

A impressão de que, diante da onipresença de conteúdos sexistas na mídia, não há mais o que ensinar aos jovens nessa área engana. “Diversos estudos dos últimos anos mostram que muitos jovens têm informações insuficientes ou erradas sobre a sexualidade. Mitos e meias verdades persistem teimosamente”, diz a CFEJ.

Aulas obrigatórias

Por isso, segundo Nancy Bodmer, diretora do grupo de trabalho “Sexualidade” da CFEJ, o objetivo da educação sexual tem ser: livrar a imagem da sexualidade juvenil de “generalizações” e, em vez disso, desenvolver uma visão respeitosa e diferenciada de todos os aspectos ligados ao tema.

A CFEJ recomenda que tanto na família quanto na escola e outras instituições que lidam com crianças e jovens haja um tratamento equilibrado da questão sexual, “que corresponda à diferentes faixas etárias e evite a criação de mitos”.

Segundo o estudo, a educação sexual é um processo que começa cedo e precisa ter espaço na aula desde o jardim de infância até a conclusão do ensino médio (e além).

Ainda não existe uma diretriz válida em toda Suíça para essa educação. Ela pode variar de cantão para cantão, de escola para escola e até de professor para professor, e não há obrigatoriedade de frequentar essas aulas. A CFEJ pede que nenhuma criança seja dispensada da educação sexual na escola.

Educação 2.0

Segundo a comissão, tanto os pais quanto a escola e outras pessoas de referência podem prestar uma importante contribuição à educação sexual infantil e juvenil.

“Psicólogos da comunicação pedem que a Web 2.0 deve ser seguida pela Educação 2.0, que prepare as crianças e os jovens a lidar de forma crítica com a mídia. Mas também a competência midiática de muitos adultos precisa ser fomentada”, diz um comunicado da CFEJ.

O juiz Luca Cirgliano, do tribunal distrital de Lenzburg, disse à agência de notícias AP, que é preciso aumentar a competência midiática tanto dos pais quanto dos jovens, para que o desenvolvimento sexual dos jovens não ocorra cada vez mais no espaço virtual.

Segundo Cirgliano, a Comissão também propõe novas restrições à publicidade, determinando onde mensagens eróticas podem ser mostradas e onde não, como já acontece hoje com bebidas alcoólicas.

swissinfo.ch, Geraldo Hoffmann (com agências)

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