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Imigração: 60% dos executivos suíços são estrangeiros

Muitos médicos na Suíça são estrangeiros. Keystone

A Suíça vive uma nova onda de imigração: 58% dos estrangeiros que chegam ao país têm formação acadêmica.

A maioria dos executivos das empresas suíças cotadas na bolsa de valores vêm do exterior. É forte a presença de imigrantes nas áreas de informática, medicina, pesquisa e desenvolvimento.

Em 2007, quase 40 mil pessoas imigraram para a Suíça por motivos profissionais. A maioria veio do norte e do oeste da Europa e de outros países vizinhos da Confederação Helvética. “Isso é um motor do crescento que traz vantagens também para a população local”, afirmam os autores.

Em 2000, o número de trabalhadores imigrantes ainda era de 22 mil. Esses dados são revelados no livro “A nova imigração – a Suíça entre a conquista de cérebros e o medo da invasão de estrangeiros”, lançado esta semana pela Avenir Suisse, uma fundação criada em 1999 por 14 multinacionais suíças.

Livre circulação



A principal causa do ingresso de mão-de-obra altamente qualificada no país é o acordo sobre livre circulação de pessoas, assinado entre a Suíça e a União Européia, bem como uma política restritiva de imigração e asilo em relação a outros Estados.

Segundo a Avenir Suisse, hoje 27% das horas trabalhadas na Suíça são desempenhadas por estrangeiros. Em muitas posições de liderança, essa participação é até maior: 60% dos executivos das empresas suíças cotadas nas bolsas vêm do exterior.

Ao contrário dos imigrantes do passado, que vinham majoritariamente de classes sociais baixas e executavam trabalhos braçais, como, por exemplo, os portugueses na construção civil, os “novos” imigrantes têm um nível de formação comparável ao dos suíços.

Na opinião do sociólogo Kurt Imhof, um dos autores do livro, com isso, as pequenas e médias empresas helvéticas, pela primeira vez, são confrontadas com a concorrência da mão-de-obra estrangeira.

Explosão dos preços dos imóveis



Uma das conseqüências da chegada de “novos cérebros” é o receio de muitos suíços de perder o emprego e, com isso, seu atual padrão social. Um exemplo disso é o debate sobre “quantos alemães suporta a Suíça”, alimentado pela imprensa sensacionalista.

Para o economista bernês Reto Föllmi, esse medo, porém, é infundado e “a nova imigração gera mais ganhadores do que perdedores”.

Ele comparou os salários, as taxas de crescimento econômico e os preços dos imóveis dos últimos 30 anos. Föllmi conclui que, apesar da nova onda imigratória, a distribuição da renda se manteve constante.

A nova imigração inclusive freia o aumento do desnível salarial, uma vez que inibe o crescimento dos salários dos trabalhadores altamente qualificados, argumenta. Além disso, acrescenta, os “cérebros atraídos pela Suíça” contribuem para a inovação do país, o que favorece o crescimento econômico.

Mas a imigração também tem perdedores. Os preços dos imóveis nas regiões de Genebra e Zurique, principais centros econômicos do país, subiram cerca de 20% desde 2000.

Segundo Föllmi, pelo menos em parte, esse aumento de preços decorre da nova imigração. “Isso é politicamente explosivo e é um terreno fértil para tensões sociais”, afirma.

swissinfo com agências

– Aproximadamente 1,6 milhão de estrangeiros vivem na Suíça. Eles representam cerca de 21% da população – incluindo os de segunda geração, chegam a um terço dos habitantes do país.

– Enquanto nos anos de 1990, 50% a 60% dos imigrantes vinham de forma da União Européia, hoje aproximadamente 70% vêm de países do bloco europeu.

– Enquanto menos de 20% dos imigrantes que vivem há mais de 20 anos na Suíça têm formação de nível superior. Entre os novos imigrantes, esse percentual é de 58% — uma cota que inclusive é duas vezes superior à dos trabalhadores suíços.

– Em 1998, apenas 20% dos imigrantes ingressaram no país com permissão de trabalho; em 2006, esse percentual já era de 36% (quase o dobro).

– A nova imigração acontece direto no mercado de trabalho e não mais tanto na previdência social.

Fonte: A nova imigração – a Suíça entre a conquista de cérebros e o medo da invasão de estrangeiros, editora NZZ livro, 2008

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