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Engenheiro é pioneiro em formação internacional

Fabio na entrada de um dos túneis do M2, em Lausanne. swissinfo.ch

O mineiro Fabio Barbosa Soares será um dos poucos especialistas brasileiros em geotecnia de construção de túneis.

Ele está concluindo seu mestrado, em quatro países: Suíça, França, Bélgica e Canadá. O estágio prático é no metrô de Lausanne, oeste da Suíça.

Foi preciso um bocado de ousadia ao engenheiro civil Fabio Barbosa Soares, formado em 2003 na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para chegar onde está. E olha que, aos 25 anos, ele está apenas começando a carreira!

Em 2002, antes mesmo de concluir o curso, com parcos conhecimentos de inglês, ele conseguiu um estágio numa empresa de Berna, capital suíça, que trabalhava na construção dos novos túneis ferroviários que atravessarão os Alpes, da Suíça para a Itália.

“Descobri a oportunidade através do programa de intercâmbio iaeste e eles me aceitaram”, afirma. No contato com as pessoas da empresa, Fabio ficou sabendo do mestrado internacional em geologia de túneis e achou interessante.

Teoria e prática

Voltou então para o Brasil, terminou o curso de engenharia civil e começou a pensar seriamente no mestrado. O primeiro a incentivá-lo foi o professor André P. Assis, do Dept° de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília, um dos maiores especialistas brasileiros em construção de túneis.

“A formação em vários países é uma tendência européia para aumentar a mobilidade dos estudantes, aproveitar as áreas de conhecimento específico das universidades e ampliar o mercado de trabalho”, explica Fabio.

Como funciona?

No caso da geologia de engenharia, o aluno – engenheiro ou geólogo – precisa matricular-se em uma das universidades que são parte do convênio de formação. Fabio consegiu matrícula na Escola Politécnica Federal de Lausanne (EFFL), na Suíça. Ela é que emitirá seu diploma e dirige o estágio.

As outras universidades de seu convênio são a École de Mines de Paris, a Universidade de Liège, na Bélgica e a Escola Polítécnica de Montreal, no Canadá.

Em cada uma delas, o aluno tem dois meses de aulas em sua especialidade. O diploma é reconhecido nos quatro países, o que permite trabalhar em qualquer um desses países. “Isso é muito interessante porque a gente faz contatos com os futuros profissionais desses países e amplia possibilidades”, afirma Fabio.

O engenheiro brasileiro, quando percebeu que a maioria dos cursos nas quatro universidades seria em francês, matriculou-se numa escola na França, perto da fronteira suíça, e fez um curso intensivo, antes de começar as aulas.

Ele também teve de arcar com suas próprias despesas, já que não conseguiu uma bolsa de estudos. “Tentei mas no final acabou não dando certo e resolvi que não podia perder a oportunidade de fazer o curso. Então trabalhei nas horas vagas do curso, nos fins de semana etc. e fui me mantendo”, explica Fabio.

Estágio e futuro

Para o estágio obrigatório, ele também teve sorte e se beneficiou de uma coincidência. Na construção de uma nova linha do metrô de Lausanne, houve um problema geológico em pleno centro da cidade. Nessa época ele pediu estágio e conseguiu. “Era interesse meu e deles”, afirma o engenheiro.

Depois do mestrado Fábio conta que continuará a participar de cursos e palestras mas não pretende fazer doutorado porque exige muita dedicação. carreira acadêmica terminará com o mestrado. “Eu gosto da prática, de construir coisas e na universidade não é assim”, acrescenta.

Ele pensa em trabalhar no Brasil, claro, mas não por enquanto. “O Brasil tem excelentes profissionais mas poucos, infelizmente.” No entanto, diz que precisa de mais experiência e quer adquiri-la aproveitando as oporturnidades de trabalho nos quatro países em que seu diploma será reconhecido.

swissinfo, Claudinê Gonçalves

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