Hostilidade e desinformação inibem voluntários e atrapalham ajuda no RS, diz Defesa Civil
Por Débora Ely
PORTO ALEGRE, 15 Mai (Reuters) – Episódios de hostilidade contra servidores públicos que atuam no socorro às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul e de desinformação sobre resgates e doações afugentam voluntários e prejudicam a assistência aos afetados, disseram representantes da Defesa Civil à Reuters.
O problema acontece em meio a uma crise humanitária com 2,1 milhões de atingidos, segundo o governo gaúcho, na qual voluntários têm sido indispensáveis na ajuda à população.
Há uma semana, um influenciador digital foi ao depósito de mantimentos da Defesa Civil municipal de Porto Alegre e gravou um vídeo afirmando ter sido impedido de pegar água para um abrigo. Os servidores explicaram que era necessário fazer um cadastro e que policiais civis distribuíam as garrafas.
Com a recusa do influenciador em deixar o local e o tumulto causado, policiais tentaram contê-lo. As imagens foram para as redes sociais acompanhadas da acusação de que autoridades estariam retendo doações.
No depósito, o impacto concreto do caso foi a redução no número de voluntários e a necessidade de reforço na segurança. Na tarde de segunda-feira, dois policiais civis, um deles com um fuzil à mostra, faziam a guarda do local.
No dia do episódio, havia 12 voluntários no depósito, segundo uma servidora da Defesa Civil municipal que pediu para não ter o nome publicado por temer represálias. Na segunda-feira, quando o local tinha 280 quilos de colchões com destino definido para serem carregados em caminhões, apenas cinco voluntários apareceram. Duas mulheres disseram a integrantes do órgão que não iriam mais pois se sentiam inseguras.
“Os voluntários estão se sentindo coagidos e expostos, com medo de que alguém grave um novo vídeo e comece a persegui-los. Alguns não quiseram mais vir, e nós não temos como obrigar ninguém”, disse a servidora.