Liberdade de imprensa corre perigo nos EUA por causa da NSA
A vigilância em grande escala realizada pelos serviços de inteligência americanos afeta a liberdade de imprensa e a democracia, denuncia um relatório divulgado nesta segunda-feira pela maior organização de direitos civis nos Estados Unidos.
O estudo da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) e da ONG Human Rights Watch foi feito por meio de entrevistas com 92 jornalistas, advogados e funcionários governamentais.
A pesquisa conclui que os programas de vigilância criados pelos Estados Unidos com o objetivo de evitar atentados afetaram a liberdade de imprensa, o direito do público à informação e o direito de obter uma ajuda jurídica.
“O trabalho dos jornalistas e dos advogados está no coração de nossa democracia”, enfatizou o autor do documento, Alex Sinha. “Quando seu trabalho se vê afetado, nós também somos afetados”, acrescentou.
“Os Estados Unidos se apresentam como modelo da liberdade e do comércio, mas seus próprios programas de vigilância ameaçam os valores que acreditam defender”, destacou Sinha.
Segundo os jornalistas consultados, os vazamentos de Edward Snowden – que no ano passado soaram o alerta para a espionagem de telefones e comunicações na internet por parte da Agência Nacional de Segurança (NSA) americana – provocaram temor entre as fontes de informações que agora pensam duas vezes antes de fornecê-las à imprensa.
Cada vez mais, os jornalistas utilizam técnicas elaboradas para codificar suas mensagens e alguns apenas se comunicam por telefones pré-pagos e evitam o uso da internet.
“Houve oito casos penais contra fontes (durante o governo de Barack Obama) contra três anteriores, e isso não passou despercebido entre nós e nossas fontes”, explicou Charlie Savage, do New York Times e ganhador de um prêmio Pulitzer.
Um grupo de 42 advogados – criminalistas e de direito civil – também descrevem um ambiente cada vez mais desfavorável à confidencialidade. Alguns advogados dizem usar técnicas similares as dos jornalistas para evitar a espionagem na Internet.
“Me enfurece pensar que devo agir como um traficante de drogas para proteger a privacidade de meus clientes”, lamenta um advogado interrogado pela ACLU.