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O que diz a imprensa suíça?

Pessoa tocando uma flauta e um cravo vermelho
Um músico tocando com um cravo vermelho preso ao seu trompete enquanto marcha pela Avenida da Liberdade, em Lisboa, comemorando o quinquagésimo aniversário da Revolução dos Cravos, em Lisboa, quinta-feira, 25 de abril de 2024. AP Photo/Armando Franca

Nesta semana, de 20 a 26 de abril de 2024, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal e África lusófona.

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O principal tema desta revista de imprensa foi a Revolução dos Cravos. Durante a semana inúmeros artigos foram publicados na imprensa helvética, como destacamos aqui abaixo.

O fascismo em Portugal – e como meu pai viveu em constante medo por causa dele

A Revolução dos Cravos em Portugal, ocorrida em 25 de abril de 1974, marcou o fim do regime fascista de António de Oliveira Salazar, trazendo liberdade ao país. Para muitas famílias, como a do autor deste texto, foi um momento de salvação. Seu avô, um homem justo e rebelde, escapou por pouco da prisão devido às suas críticas ao regime. Sob o governo de Salazar, Portugal enfrentou dificuldades econômicas e sociais, enquanto a população vivia com medo da censura e da repressão policial.

A história pessoal da família reflete o impacto do regime de Salazar. O avô do autor, um homem respeitado e carinhoso, expressava sua raiva contra o governo em protestos políticos. Seus atos, porém, eram observados de perto pela polícia secreta, gerando temor na família. A presença de informantes, incluindo padres, na comunidade aumentava a paranoia e o risco de prisão. A morte prematura do avô pouco após a queda do regime deixou marcas profundas na família, especialmente no pai do autor, que assumiu responsabilidades precocemente.

Fonte: Watson.ch 25.04.2024Link externo (em alemão) 

Entre o fado e os cravos: a integração tranquila (mas em transformação) dos portugueses na Suíça

Editorial escrito pela jornalista Aïna Skjellaug. A revolução portuguesa de 25 de abril de 1974 ecoou até a Suíça, transformando-a no lar de uma significativa comunidade portuguesa, hoje com cerca de 250 mil membros. Inicialmente valorizada por sua ética de trabalho e integração tranquila, essa comunidade agora reflete as mudanças políticas e econômicas em Portugal. O movimento migratório, uma vez homogêneo e de esquerda, agora é diversificado e até marcado por discordâncias políticas, refletindo a evolução do cenário português.

A chegada dos portugueses à Suíça após a revolução foi inicialmente bem recebida, trazendo trabalhadores dedicados e uma integração tranquila. No entanto, ao longo do tempo, essa comunidade mudou, refletindo as mudanças em Portugal. A migração líquida tornou-se negativa, com muitos optando por retornar a um Portugal modernizado, enquanto outros permanecem, agora com uma variedade de opiniões políticas, incluindo o apoio a partidos extremistas como o Chega.

Essa evolução da comunidade portuguesa na Suíça pode ser vista como um reflexo das mudanças em Portugal, desde a política até a economia. Apesar das divergências, isso também destaca uma forma de integração que continua a refletir os desenvolvimentos portugueses, uma adaptação que ecoa a essência fadista de “se você não for à Europa, a Europa virá até você”.

Fonte: Le Temps 25.04.2024Link externo (em francês) 

50 anos após a revolução: Os cravos desbotados de Portugal

Editorial escrito pelo jornalista Olivier Bot. Em resumo: “Em 25 de abril de 1974, jovens oficiais progressistas do exército português encerraram décadas de ditadura e mais de uma década de guerra colonial. Esta revolução, conhecida como a Revolução dos Cravos, foi uma exceção no século 20, instalando uma genuína democracia no país. No entanto, o trauma das guerras coloniais e as recentes ascensões da extrema direita em Portugal, como o partido Chega, sugerem que os ideais democráticos podem estar sob ameaça, apesar do legado histórico da Revolução dos Cravos.

A Revolução dos Cravos de 25 de abril de 1974 marcou o fim de décadas de ditadura em Portugal, liderada por jovens capitães do exército. Apesar da instauração de uma genuína democracia, o país ainda enfrenta desafios, como o trauma das guerras coloniais e o ressurgimento da extrema direita, exemplificado pelo partido Chega. Esses acontecimentos levantam preocupações sobre a estabilidade dos ideais democráticos e o legado da Revolução dos Cravos.”

Fonte: Tribune de Genève 25.04.2024Link externo (em francês) 

Do golpe à revolução

A Revolução dos Cravos em Portugal marcou o fim da ditadura do Estado Novo, iniciada por jovens oficiais em 1974. O levante popular foi impulsionado pela insatisfação com as guerras coloniais e a repressão do regime, resultando em uma mobilização social massiva que derrubou o governo.

Após a queda do Estado Novo, Portugal enfrentou uma fase de transição marcada por tensões entre os militares e o Movimento das Forças Armadas. Nacionalizações, autogestão e radicalização política caracterizaram esse período. Embora o Partido Socialista tenha vencido as eleições de 1975, conflitos entre facções políticas levaram à estabilização com o governo liderado por Mário Soares em 1976.

A revolução trouxe conquistas como o fim do império colonial, uma nova Constituição progressista e a transição para o socialismo. No entanto, desafios surgiram com a integração na União Europeia, destacando as complexidades do processo de transição política e econômica de Portugal.

Fonte: Le Courrier 22.04.2024Link externo (em francês) 

Custo de vida leva aposentados suíços a emigrar. Portugal é um dos principais destinos.

O aumento do custo de vida leva cada vez mais aposentados suíços a deixarem o país em busca de opções mais acessíveis no exterior. A Suíça tem sido conhecida por seus altos custos, especialmente no cuidado de idosos em casas de repouso, levando muitos a procurarem alternativas em países como Tailândia, Portugal e Espanha. A migração de idosos suíços atingiu números significativos nos últimos anos, com mais de 195 mil vivendo no exterior, impulsionada principalmente pelo desejo de uma vida mais acessível financeiramente.

Embora a mudança para o exterior ofereça um alívio financeiro para muitos aposentados, também há desafios. Aqueles que optam por viver fora da Suíça enfrentam uma redução nas pensões de velhice e subsídio por incapacidade (AHVLink externo, na sigla em alemão), e a renúncia a benefícios suplementares, como complementos de pensão. Essa situação reflete uma preocupação crescente sobre o custo de vida na Suíça e a capacidade dos idosos de manterem uma vida digna em seu país de origem na velhice.

No entanto, esse fenômeno também levanta questões sobre o impacto social e econômico da migração de idosos. Alguns especialistas expressam preocupação de que a imigração de pessoas mais jovens para a Suíça esteja excluindo os idosos do país, potencialmente criando divisões e desafios adicionais para aqueles que desejam envelhecer com segurança e conforto em sua terra natal.

Fonte: Berner Zeitung 22.04.2024Link externo (em alemão) 

Um boneco de neve na África: a experiência de suíços em Moçambique

No início da semana, vários jornais da Suíça central publicaram o diário de dois aventureiros suíços, que estão viajando pela África. Agora chegam em Moçambique. Aqui alguns extratos…

“…Uma jornada desafiadora através da Sani Pass nos leva da África do Sul ao Lesoto, com curvas estreitas, altitudes impressionantes e uma paisagem imponente de montanhas cobertas de neve, incluindo pontos de interesse como “Devil’s Corner” e “Hairpin Bend”…”

“…Após uma difícil subida, chegamos à fronteira no topo, onde passamos oficialmente para o Lesoto. Descobrimos uma vida simples entre as montanhas, com casas de pedra e uma área de esqui, destacando o contraste entre o ambiente natural e as preocupações com o aquecimento global…”

“…Durante conversas sobre o clima e a política local, enfrentamos uma emergência médica quando Michi é picado por um inseto. Após receber diagnóstico e tratamento, continuamos nossa jornada em direção ao Malaui, cientes dos desafios e surpresas que nos aguardam…”

Fonte: Tagblatt 21.04.2024Link externo (em alemão) 

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Debate
Moderador: Patricia Islas

Quais são os desafios e ameaças à liberdade de imprensa em seu país?

A liberdade de imprensa está ameaçada em muitos países. Como você vive esse problema?

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Publicaremos nossa próxima revista da imprensa suíça em 3 de maio. Enquanto isso, tenha um bom fim de semana e boa leitura!

Até a próxima semana!

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