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Acordo de Trump sobre Gaza, uma economia global surpreendentemente resiliente e o bisão do Yellowstone

Bisonte pastando
Bisonte pastando no Parque Nacional de Yellowstone. Keystone-SDA

Bem-vindo à nossa análise de imprensa sobre eventos ocorridos nos Estados Unidos ou assuntos relacionados aos EUA. Toda semana, analisamos como a mídia suíça noticiou e reagiu a três temas importantes nas áreas de política, finanças e ciência.

“Tudo o que fiz em minha vida foram negócios. Os melhores negócios simplesmente acontecem… Foi o que aconteceu aqui. E talvez este seja o maior de todos os negócios…”. Ainda não se sabe se a previsão do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a paz no Oriente Médio se concretizará. Ela foi feita após o anúncio de um cessar-fogo intermediado por ele entre Israel e o Hamas. No entanto, a mídia suíça tem dado ao presidente americano um crédito cauteloso.

E agora, boas notícias: a economia global parece resistir surpreendentemente bem à política tarifária de Donald Trump. Por quê? Além disso, os bisões que circulam livremente no Parque Nacional de Yellowstone estimulam o ecossistema e contribuem para a biodiversidade.

O presidente americano Trump e jornalistas
Donald Trump conversando com jornalistas no Air Force One, a caminho de Washington na terça-feira. Copyright 2025 The Associated Press. All Rights Reserved

Com o cessar-fogo em Gaza, o presidente dos EUA, Donald Trump, conseguiu o que a diplomacia mundial não havia conseguido em dois anos. É o que afirma a plataforma suíça SRF. “Trump mereceu esse aplauso”, declarou, ao mesmo tempo, o jornal Tages-Anzeiger.

“O cessar-fogo é frágil e não se vislumbra uma estrutura para a paz”, analisou a SRF na quarta-feira. “Mas os reféns estão de volta a Israel, e os habitantes da Faixa de Gaza não estão mais sob uma saraivada de bombas.”

A SRF reconheceu que a personalidade de Trump teve uma “contribuição decisiva” para o acordo de Gaza. “Impulsionado pelo desejo de entrar para a história como um pacificador, ele deixou de lado as considerações tradicionais e colocou Israel sob pressão”, disse. O presidente americano também foi capaz de se apoiar em líderes como seu “amigo”, o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan, para influenciar o grupo militante palestino Hamas.

A paz se manterá? “O plano de Trump pode ser um bom começo, mas a paz só virá de uma solução justa baseada no respeito ao direito internacional”, escreveu o ex-ministro palestino da Cultura, Anouar Abou Eisheh, no jornal francófono Le Temps.

O NZZ observou que “até mesmo os piores críticos de Trump parecem estar percebendo lentamente que suas políticas são mais ambivalentes e multifacetadas do que se retratava”. O jornal zuriquense afirmou que era “quase cômico” ver como a mídia, que anteriormente descrevia Trump como um perigo para a humanidade, agora, de repente, pedia que ele recebesse o Prêmio Nobel da Paz. “Defender a paz muda a percepção do público, e provavelmente esse também é o motivo pelo qual Trump tem uma obsessão tão grande pelo Nobel. Seria uma espécie de prova pública para ele de que todos os que o chamam de racista e fascista estão errados.”

Para o Tages-Anzeiger, o cessar-fogo em Gaza mostra que “se Trump usar seu poder e influência e concentrar sua energia em crises de política externa, como no Oriente Médio, em vez de minar ainda mais a democracia dos EUA, ele poderá ter sucesso em interromper o ciclo interminável de violência”. Se isso acontecesse, disse o jornal, Trump seria de fato um sério candidato ao Prêmio Nobel da Paz — “uma honra que não se exige, mas se recebe”.

Posando em Wall Street.
Posando em Wall Street. Copyright The Associated Press 2019

A economia global está em melhor estado do que se acreditava, mas a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continua sendo um grande risco, alertou o NZZ na quarta-feira.

O NZZ analisou as conclusões do relatório publicado na terça-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O FMI afirmou esperar um crescimento global de 3,2% para este ano e de 3,1% para 2026. Isso representa um aumento em relação às previsões de 2,8% e 3% feitas em abril, logo após Trump ter chocado o mundo, e especialmente a Suíça, ao anunciar tarifas punitivas bilaterais.

O FMI agora considera que os efeitos negativos estão na extremidade inferior das expectativas: a economia global mostra-se mais resistente do que os especialistas do Fundo em Washington temiam. Por quê? A diretora do FMI, Kristalina Georgieva, apresentou quatro motivos. Primeiro, as economias emergentes, em especial, estabilizaram suas políticas monetárias e fiscais, razão pela qual as saídas de capital foram limitadas durante a recente turbulência.

Segundo, o setor privado demonstrou grande capacidade de adaptação. Muitas empresas ajustaram suas cadeias de suprimentos ou anteciparam exportações para os EUA a fim de evitar as tarifas. O FMI também afirmou que o investimento crescente em infraestrutura de inteligência artificial (IA), especialmente nos EUA, contribuiu consideravelmente para o crescimento econômico.

Um terceiro motivo para um otimismo cauteloso é que as tarifas dos EUA tiveram menos impacto sobre o restante do comércio global do que se temia. “Até o momento, o mundo evitou entrar em uma guerra comercial baseada em retaliação”, disse Georgieva na semana passada. Entretanto, o NZZ ressaltou que a disputa tarifária de Trump com Pequim, que voltou a se acirrar, mostra que a situação continua extremamente volátil.

O quarto fator positivo mencionado por Georgieva são as condições financeiras muito favoráveis em muitos países.

No entanto, o relatório do FMI concluiu com um alerta sobre o aumento da pressão política sobre os bancos centrais, o que poderia reduzir a credibilidade de sua política monetária. Pela primeira vez, esse alerta não é direcionado apenas a países como a Turquia ou a Argentina, mas também aos EUA, onde Trump vem pedindo há meses que o Federal Reserve reduza drasticamente a taxa básica de juros.

bisões
De Wall Street ao Parque Nacional de Yellowstone… Copyright 2017 The Associated Press. All Rights Reserved. This Material May Not Be Published, Broadcast, Rewritten Or Redistribu

O aumento do número de bisões em liberdade no Parque Nacional de Yellowstone, no oeste dos Estados Unidos, está estimulando os ecossistemas que os sustentam e contribuindo para a biodiversidade de aves e anfíbios.

O jornal francófono Le Temps informou na segunda-feira que, dos 30 a 60 milhões de bisões que viviam nos EUA no início do século 19, restavam apenas mil em 1900, antes de serem feitos esforços para protegê-los. Hoje, sua população é estimada em 400 mil. A maioria vive em pequenos rebanhos de algumas centenas. Cerca de metade dos bisões vive em fazendas, onde são criados para o consumo de sua carne, e a outra metade em reservas naturais, onde 75 mil animais são abatidos todos os anos para controlar a população.

A política de rewilding de Yellowstone, iniciada na década de 1960, aumentou a população de bisões para cerca de cinco mil – o limite estabelecido pelas autoridades do parque para 2024.

Apesar das restrições geográficas impostas – os animais são capturados e abatidos se saírem dos limites do parque -, os bisões se movem conforme as estações para encontrar pastagens favoráveis. “Essa região nos dá uma excelente oportunidade de estudar seu impacto sobre a vegetação”, explica Bill Hamilton, autor de um estudo sobre os bisões que vivem ao norte do Parque Yellowstone, publicado na revista Science em agosto.

“Comparando trechos de terra que são acessíveis e outros que não são […], podemos ver que as pastagens são resilientes diante do pastoreio intensivo dos grandes herbívoros endêmicos”, diz ele. Essa resiliência pode ser explicada pelas complexas interações entre herbívoros, plantas, nutrientes e bactérias do solo.

Além disso, ao pisotear o solo, o bisão quebra os detritos das plantas, acelerando sua decomposição. “Suas pegadas profundas no solo criam pequenas crateras – um ambiente favorável para todos os tipos de sapos, salamandras e répteis – e permitem que os pássaros bebam”, afirma Hamilton.

A próxima edição da newsletter “Notícias dos EUA na imprensa suíça” será publicada na quarta-feira, 22 de outubro. Até a próxima semana!

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Adaptação: Alexander Thoele, com ajuda do Deepl

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