Conselho de Ética da Câmara aprova cassação de Chiquinho Brazão
Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) – O Conselho de Ética da Câmara aprovou nesta quarta-feira um parecer que recomenda a cassação do mandato do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em 2018.
Elaborado pela deputada Jack Rocha (PT-ES), o parecer pela perda do mandato de Brazão ainda precisa ser submetido ao plenário da Casa, em votação aberta e nominal. São necessários 257 votos ao menos para aprovar a cassação.
Antes disso, no entanto, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara pode ser acionada, caso haja recurso do parlamentar, e teria o prazo de cinco dias úteis para se pronunciar.
Em breve declaração por videoconferência no Conselho de Ética antes de passar a palavra para seu advogado, Brazão negou que tivesse qualquer motivo para encomendar a morte da vereadora.
“A vereadora Marielle era minha amiga, comprovadamente nas filmagens… não teria qualquer motivo”, disse o parlamentar.
Brazão, o irmão dele, Domingos Brazão, e o delegado Rivaldo Barbosa são réus em ação que corre no Supremo Tribunal Federal (STF).
A investigação do assassinato de Marielle vinha se arrastando há anos, mas teve uma reviravolta em março passado, após a Polícia Federal determinar a prisão dos irmãos Brazão e de Barbosa.
O assassinato de Marielle e seu motorista em de 14 de março de 2018 quando saíam de um evento político deu uma amostra do nível de infiltração do crime organizado nos órgãos públicos do Rio de Janeiro.
O advogado de Chiquinho Brazão, Cleber Lopes, negou qualquer envolvimento de seu cliente com o crime organizado.
“Quem conhece a realidade do Rio de Janeiro sabe disto: se o sujeito tem o carimbo da milícia, se ele é miliciano, ele não entra em área dominada pelo tráfico… Se o sujeito tem o carimbo do tráfico, ele não entra em comunidade dominada pela milícia. E o deputado Chiquinho Brazão, pelo mapa eleitoral que nós temos, tinha voto tanto em área de milícia quanto em área dominada pelo tráfico”, argumentou o advogado no Conselho de Ética nesta quarta-feira.