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Os pontos positivos e negativos das taxas de juros suíças

Scales weigh up Swiss francs and euros
O banco central da Suíça tem que equilibrar o custo dos bens de consumo com o preço do franco. Martin Ruetschi

Pelos padrões normais, taxas de juros de 0,5% são consideradas baixas. Mas a Suíça acaba de sair de um longo período de juros negativos depois que o Banco Nacional Suíço (SNB) subiu as taxas de -0,25% para +0,5%.

Os suíços que nasceram a partir de 2015 viram pela primeira vez em suas vidas  taxas de juros positivas agora no mês de setembro. É claro que crianças de sete anos não se preocupam com o custo e oscilações da dívida suíça, mas os adultos proprietários de casas ou de empresas em dificuldades foram forçados a pensar no assunto.

“Aumentar as taxas de juros sempre tem um custo. Não existe almoço grátis”, disse Rudolf Minsch, economista-chefe da Federação Suíça de Negócios, à SWI swissinfo.ch.

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No entanto, Minsch concorda com o SNB que a política monetária deve agora priorizar o controle dos preços dos bens de consumo. Os bancos centrais não podem frear totalmente o aumento do custo da energia, eletricidade e de alguns alimentos básicos causado pela guerra na Ucrânia. Mas subir as taxas de juros pode diminuir a inflação no preço de uma série de outros itens de consumo, desde aparelhos elétricos até roupas.

Ao contrário dos Estados Unidos e de muitos países europeus, Minsch acredita que o SNB não chegou atrasado para enfrentar a inflação na Suíça, que subiu 3,5% em agosto em relação ao ano anterior . “É uma boa decisão agir com antecedência o suficiente”, disse.

Armadilha da dívida

Para os consumidores, as ações do SNB podem ser uma boa notícia no período que antecede o Natal. Os poupadores também podem comemorar, já que mais bancos comerciais anunciaram o fim dos encargos sobre depósitos maiores após o último aumento das taxas do SNB.

As pessoas com dívidas, no entanto, têm motivos para ficarem nervosas com os fortes golpes do SNB e novos aumentos de taxas este ano.

As famílias suíças acumularam cerca de CHF 967 bilhões (US$ 1 trilhão) em dívidas até o final do ano passado, a maior parte na forma de empréstimos hipotecários, segundo o SNB. Atualmente, a Suíça e a Holanda estão nas primeiras posições do ranking de maior volume de dívida hipotecária do mundo por família.

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Por que a casa própria é um sonho inatingível na Suíça

Este conteúdo foi publicado em Ter a casa própria é um sonho comum a todos os suíços. Porém a escassez de áreas de construção e o preço elevado dos imóveis os tornam cada vez mais inalcançável.

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A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) pediu repetidamente à Suíça que reduzisse o tamanho dessa montanha de dívidas que poderia “potencialmente agravar qualquer período futuro de instabilidade financeira”.

O SNB está consciente do aumento do risco de incumprimento das hipotecas resultante do aumento das taxas de juros. Em janeiro, aconselhou o governo a forçar os bancos a reter mais reservas para cobrir perdas potenciais.

“Esse amortecedor entrará em vigor no final de setembro e contribuirá para manter a resiliência do sistema bancário”, disse o vice-presidente do SNB, Martin Schlegel, na quinta-feira.

Empresas zumbis

Sete anos de taxas de juros negativas também contribuíram para o aumento dos preços dos imóveis suíços, que dobraram desde 2000, segundo a imobiliária Wüest Partner.

Mas a Associação Suíça de Proprietários de Imóveis não vê como preocupante uma taxa de juros de 0,5% e diz que os bancos estão considerando taxas potenciais de até 5% ao avaliar o risco de emitir empréstimos. Os preços dos imóveis são fortemente impulsionados pela demanda por uma oferta limitada de imóveis, que não mostra sinais de diminuir, acrescentou a associação.

Outra bolha que está se esvaziando rapidamente este ano é o número de empresas mantidas à tona apenas por empréstimos estatais concedidos durante a pandemia de Covid-19. Essas chamadas empresas zumbis estão falindo porque não podem pagar seus empréstimos de volta.

Cerca de 4.341 empresas entraram com pedido de falência até o final de agosto, 37% a mais que no mesmo período de 2021, segundo a Associação Suíça de Credores, Creditreform. A associação prevê 9.900 falências até o final do ano. Mas o último aumento da taxa de juros terá pouco impacto, diz o Creditreform, pois os pagamentos dos empréstimos Covid foram fixados no momento em que foram emitidos.

Forte ressaca no franco

Os exportadores suíços tomarão nota de outro aspecto da estratégia de política monetária do SNB: como ele mantém o valor do franco suíço sob controle em relação a outras moedas. No início deste ano, tornou-se evidente que o SNB estava menos preocupado com o aumento da força do franco.

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Embora o SNB tenha dito na quinta-feira que poderia intervir nos mercados de câmbio para estabilizar a moeda, “não mencionou a força do franco suíço em seu comunicado, sugerindo que essa não é uma preocupação política no momento”, observou o  economista Maxime Botteron do Credit Suisse.

Isso pode enfurecer os exportadores suíços que nos últimos dois anos viram o preço de seus produtos subir 35% em comparação com os concorrentes da zona do euro, segundo Minsch.

Mas Philippe Cordonier, diretor da Swissmem, a organização guarda-chuva das indústrias de engenharia mecânica e elétrica, está menos preocupado. Os exportadores têm lidado com um franco forte desde 2015, quando a moeda se valorizou rapidamente. Os últimos anos tiveram menos volatilidade cambial e deram às empresas suíças tempo para reduzir custos e implementar medidas de eficiência.

“As empresas pensaram em alternativas para lidar com o alto valor do franco”, Link externodisse Link externoCordonierLink externo .

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Adaptação: Clarissa Levy
(Edição: Fernando Hirschy)

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