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Especialistas acreditam que coronavírus circulava na França em dezembro

Funcionários de saúde desembarcam paciente infectado com COVID-19, transportado de um trem de alta velocidade em 10 de abril de 2020, em Bordeaux, França afp_tickers

O novo coronavírus já circulava na França no fim de dezembro, como sugere um novo estudo? Não seria impossível, estimam especialistas, para quem o vírus poderia estar circulando no país antes do registro dos primeiros casos oficiais, no fim de janeiro.

Os três primeiros casos identificados de Sars-Cov-2 na França remontam a 24 de janeiro: dois chineses originários de Wuhan, foco da pandemia, e um morador da região de Bordeaux que havia retornado de uma viagem à China. Mas o médico Yves Cohen, chefe da unidade de reanimação dos hospitais Avicenne e Jean-Verdier, em Seine-Saint-Denis, perto de Paris, anunciou ontem a identificação de um caso positivo que remonta a 27 de dezembro.

Amostras congeladas de pacientes internados no Jean-Verdier e Avicenne de 2 de dezembro a 16 de janeiro foram testadas para o novo coronavírus. “Dos 14 pacientes, um deu positivo”, disse.

O paciente em questão é um homem de 42 anos que foi examinado em 27 de dezembro, segundo o estudo, publicado no “International Journal of Antimicrobial Agents”. Esta é a prova de que “a Covid-19 já estava se espalhando pela França no fim de dezembro de 2019, um mês antes dos primeiros casos oficiais”, assinalam os autores.

Segundo o professor Cohen, uma das hipóteses é de que o paciente teria sido contaminado por sua mulher, assintomática, que trabalhava no setor de peixes de um supermercado, “junto ao local de sushis, com pessoas de origem asiática”.

Seria este homem, que se curou, o primeiro caso de Covid-19 na França? Especialistas esperam os resultados do novo estudo serem validados antes de se pronunciar, mas isto só confirmaria o que muitos cientistas suspeitavam.

“Este vírus tem a peculiaridade de se propagar silenciosamente sem ser detectado, e, em seguida, toma formas clínicas”, explicou à AFP o professor Olivier Bouchaud, chefe do departamento de doenças infecciosas do hospital Avicenne.

– ‘Ninguém escondeu nada’ –

Pequim informou a OMS sobre um surto de pneumonia de origem desconhecida em Wuhan em 31 de dezembro, mas acredita-se que o primeiro caso remonte a 8 de dezembro, segundo autoridades sanitárias daquela cidade. Ou a 1º de dezembro, segundo um estudo publicado na “The Lancet”.

Em relação às principais cidades europeias ou americanas, estudos mostram que “a epidemia começou em meados de janeiro ou no começo de fevereiro”, disse recentemente à AFP o epidemiologista da Imperial College de Londres Erik Volz.

“Na minha opinião, é necessário distinguir entre casos isolados e epidemia”, assinalou Samuel Alizon, diretor de pesquisas do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) da Universidade de Montpellier, na França. “Sobre a origem da epidemia em território francês, dados atuais a situam entre meados de janeiro e o começo de fevereiro.”

“Provavelmente, o vírus circulava na França há mais tempo do que pensávamos”, sugeriu Olivier Bouchaud. “Mas ninguém escondeu nada”, afirma, assinalando que os médicos não costumam buscar o microorganismo responsável por uma patologia pulmonar.

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