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Hezbollah ameaça Israel e Chipre, no contexto da guerra em Gaza

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O chefe do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, advertiu, nesta quarta-feira (19), que “nenhum lugar” de Israel estará a salvo de seus mísseis se o governo israelense, que trava uma guerra contra o movimento islamista Hamas na Faixa de Gaza, abrir uma nova frente de batalha em sua fronteira norte.

Nasrallah também fez ameaças ao Chipre, afirmando que o país do Mediterrâneo Oriental e membro da União Europeia seria considerado como “parte da guerra” se autorizasse Israel a usar seus aeroportos e bases para atacar o Líbano.

“Li os comentários (do chefe do Hezbollah) e quero dizer que a República do Chipre não está envolvida de forma alguma nesta guerra”, declarou o presidente cipriota, Nikos Christodoulides, em um comunicado.

O Chipre “é parte da solução, não do problema”, insistiu, relembrando que seu país teve um papel “reconhecido pelo mundo árabe e por toda a comunidade internacional” no corredor marítimo criado para levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

O líder do Hezbolla, por sua vez, ameaçou ao dizer que “o inimigo sabe muito bem que nos preparamos para o pior […] e que não haverá nenhum lugar […] a salvo de nossos foguetes”.

Os disparos de foguetes contra Israel poderiam ser efetuados de “terra, ar e mar”, acrescentou.

O Exército israelense anunciou na terça-feira que tinha uma “ofensiva” preparada contra o Hezbollah, apoiado e financiado pelo Irã, após semanas de intensificação do fogo trocado de ambos os lados da fronteira.

O chanceler de Israel, Israel Katz, ameaçou destruir o Hezbollah em uma “guerra total”.

Horas depois, o exército israelense bombardeou alvos do Hezbollah no sul do Líbano.

A divisa entre os dois países é palco de duelos de artilharia quase diários desde o início, em 7 de outubro, da guerra entre Israel e Hamas em Gaza.

– ‘Pôr fim ao conflito’ –

O Hezbollah afirmou nesta quarta que disparou “dezenas de foguetes Katyusha e projéteis de artilharia” contra o norte de Israel, em resposta a bombardeios israelenses no sul do Líbano, que mataram quatro de seus combatentes.

“Recebemos novas armas, desenvolvemos algumas de nossas armas […] e estamos guardando outras para os próximos dias”, sustentou o chefe do movimento libanês, que perdeu um de seus comandantes em um bombardeio israelense na semana passada.

A escalada bélica coincidiu com a visita a Beirute de um emissário do presidente americano Joe Biden, Amos Hochstein, que considerou “urgente” reduzir as tensões na fronteira entre Israel e Líbano.

Hochstein também defendeu o plano de cessar-fogo para a Faixa de Gaza apresentado em 31 de maio por Biden.

No estreito território palestino, governado pelo Hamas e devastado por mais de oito meses de guerra, os bombardeios israelenses não dão trégua. 

Nas imediações de Rafah, no extremo sul do território, pelo menos sete pessoas morreram em bombardeios com drones.  

Em 7 de maio, o Exército israelense lançou uma ofensiva terrestre nessa localidade, com o objetivo proclamado de eliminar os “últimos batalhões” do Hamas. 

No norte da Faixa, testemunhas relataram disparos na Cidade de Gaza. E em Nuseirat, no centro, pelo menos três pessoas morreram em um bombardeio, informou a Defesa Civil do território.

– Catástrofe Humanitária em Gaza –

A guerra atual entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro de 2023, quando combatentes islamistas mataram 1.194 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um levantamento baseado em dados oficiais israelenses.

Por sua vez, o Exército israelense estima que 116 pessoas permanecem em cativeiro em Gaza, 41 das quais teriam morrido.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já resultou em pelo menos 37.396 mortes em Gaza, também civis na maioria, segundo o Ministério da Saúde do território palestino. 

O conflito também gerou uma catástrofe humanitária, que – segundo a ONU – deixa os moradores de Gaza à beira de uma crise de fome. 

Em 9 de outubro de 2023, Israel impôs um cerco “quase completo” ao território, obstaculizando a entrada de alimentos, água, combustível e medicamentos. A ajuda humanitária autorizada a entrar é insuficiente.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, enfrenta uma saraivada de críticas internas e externas por sua gestão da guerra e por não ter conseguido libertar os reféns.

Mas o dirigente, que lidera uma coalizão de forças nacionalistas, ultraconservadoras e do judaísmo ortodoxo, afirma que vai prosseguir com a guerra até “aniquilar” o Hamas, considerado uma organização “terrorista” por Israel, União Europeia (UE) e Estados Unidos. 

O procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) solicitou em maio que a máxima instância judicial da ONU emita mandados de prisão contra Netanyahu, seu ministro da Defesa Yoav Gallant e três dirigentes do Hamas por supostos crimes de guerra e contra a humanidade.

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