México extradita para Guatemala ex-presidente do Congresso acusado de corrupção
O México extraditou nesta quinta-feira (8) o ex-presidente do Congresso da Guatemala Luis Rabbé (2015-2016), detido em 2018 em território mexicano por suas ligações com um esquema de corrupção com empregos fictícios, informou o Ministério do Interior da Guatemala.
De acordo com o MP, Rabbé autorizou nomeações irregulares de pelo menos 164 funcionários parlamentares, incluindo alguns que não cumpriam os requisitos para o cargo e outros que apenas recebiam salários todos os meses sem ir trabalhar.
“O ex-deputado Luis Rabbé foi extraditado para a Guatemala”, disse o Ministério em um comunicado, detalhando que a operação foi coordenada pelas seções da Interpol de ambos os países.
Ao chegar aos tribunais na capital da Guatemala, o político criticou a Interpol e as autoridades locais por sua extradição, dizendo aos jornalistas que um tribunal mexicano havia lhe concedido “status de refugiado político”.
“Por que estou aqui, mesmo sendo um refugiado político, pergunte à Interpol”, disse ele. “Não se pode mandar um refugiado político de volta ao seu país”, disse o ex-deputado de direita e candidato à presidência em 2007 (ele ficou em quinto lugar, com 7%).
Ele alegou que a ex-procuradora-geral da Guatemala, Thelma Aldana (2014-2018), afirmou que havia “30.000 empregos fantasmas no estado, por que ela não descobriu todos os outros empregos fantasmas, por que ela se dedicou a mim?
O político de 68 anos foi entregue pelo México em um posto de fronteira em San Marcos (oeste) e depois levado de avião para a Cidade da Guatemala, acrescentou o Ministério.
Imagens divulgadas pelo Ministério mostraram o ex-deputado algemado, vestido com uma camiseta preta e escoltado pela polícia até um helicóptero.
O gabinete do promotor disse no X que o ex-deputado é acusado dos crimes de “abuso de autoridade, nomeações ilegais e peculato por subtração”.
Presidente do Congresso entre janeiro de 2015 e o mesmo mês de 2016, Rabbé foi preso em 23 de julho de 2018 em Monterrey, no norte do México.
Ele havia deixado o país em agosto de 2016 após perder sua imunidade como deputado e foi declarado foragido pouco tempo depois. O sistema judiciário mexicano aprovou sua extradição em 8 de maio de 2019, mas vários recursos legais atrasaram sua entrega à Guatemala.
Um juiz guatemalteco havia emitido um mandado de prisão por sua responsabilidade no esquema de contratação ilegal de funcionários públicos quando ele era presidente do parlamento.
As investigações foram apoiadas na época pela extinta Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (CICIG), um órgão apoiado pela ONU criado em 2007 que ajudou a revelar casos de corrupção de alto nível.
A CICIG foi desmantelada em 2019 pelo então presidente de direita Jimmy Morales (2016-2020).
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