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Bolsonaro ameaça retirar Brasil da OMS por trabalhar com ‘viés ideológico’

O presidente Jair Bolsonaro (C) acena para simpatizantes durante inauguração de hospital de campanha em Águas Lindas, Goiás, 5 de junho de 2020 afp_tickers

O presidente Jair Bolsonaro ameaçou nesta sexta-feira (5) retirar o Brasil da Organização Mundial da Saúde, seguindo os passos de seu colega americano, Donald Trump, acusando a OMS de trabalhar com “viés ideológico”.

“E eu adianto aqui, os Estados Unidos saiu [sic] da OMS. A gente estuda, no futuro… Ou a OMS trabalha sem viés ideológico ou a gente sai de lá também”, disse o presidente, admirador de Trump, a jornalistas no Palácio da Alvorada, em Brasília.

Apelidado de “Trump tropical”, Bolsonaro segue os passos do colega americano na gestão da pandemia do novo coronavírus, minimizando sua gravidade, criticando as medidas de confinamento adotadas por governadores e prefeitos e promovendo os supostos efeitos benéficos da cloroquina e da hidroxicloroquina, medicamentos cuja ação eficaz contra a COVID-19 é controversa.

Há uma semana, Trump anunciou que estava rompendo a relação entre os Estados Unidos e a OMS, acusando a organização de parcialidade a favor da China, país que sua administração responsabiliza pela disseminação da pandemia no mundo.

Bolsonaro disse que não foi uma coincidência a OMS ter revogado dias depois a decisão de suspender os testes clínicos da hidroxicloroquina para o tratamento da COVID-19.

A OMS tinha suspendido os testes com o medicamento depois que um estudo publicado na respeitada revista médica The Lancet expressou dúvidas sobre sua segurança e eficácia contra o vírus, o que irritou Trump, um defensor deste medicamento, que chegou inclusive a usá-lo de forma preventiva.

Mais tarde, a The Lancet anunciou que não confiava nos dados subjacentes usados no estudo, o que levou a OMS a retomar os ensaios com o medicamento, usado tradicionalmente contra doenças autoimunes e a malária.

No entanto, Bolsonaro atribuiu o recuo da OMS a um temor da agência sanitária da ONU de perder a contribuição anual de mais de 400 milhões de dólares dos Estados Unidos, seu principal financiador.

“O Trump cortou a grana deles e eles voltaram atrás em tudo. A cloroquina voltou”, disse Bolsonaro pouco antes de o Ministério da Saúde anunciar as novas cifras da pandemia do novo coronavírus, que matou mais de 35 mil pessoas no país.

Com 1.005 novos óbitos e 30.830 casos registrados em 24 horas, o Brasil agora soma 35.026 mortes e 645.771 contágios. Um total de 266.940 pessoas se recuperaram da doença.

O Brasil se tornou o terceiro país do mundo em número de falecidos, depois dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, e o segundo em total de casos, com mais de 645.000, atrás apenas dos Estados Unidos.

Especialistas avaliam, no entanto, que os números reais da pandemia provavelmente são muito mais altos, pois o país não faz testes em massa para a detecção dos infectados.

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