Colômbia vai suspender extradições para os EUA de narcotraficantes que se renderem
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, ofereceu nesta quarta-feira aos narcotraficantes suspender sua extradição para os Estados Unidos e lhes conceder “benefícios jurídicos” em troca de que se rendam e abandonem a atividade.
“Narcotraficante que negocia com o Estado colombiano não se extradita”, ressaltou Petro durante coletiva de imprensa com o chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez. Caso não se rendam, serão enviados para os Estados Unidos, acrescentou Petro, que assumiu neste mês como primeiro presidente de esquerda da Colômbia.
“Narcotraficante que não negociar com o Estado será extraditado; narcotraficante que negociar com o Estado e reincidir será extraditado sem nenhum tipo de negociação”, reforçou Petro.
O presidente ofereceu “benefícios jurídicos” ao Clã do Golfo, braço armado poderoso do narcotráfico, sem especificar se essas concessões incluem penas alternativas à prisão, como as acordadas com os guerrilheiros das Farc que assinaram a paz em 2016. Segundo Petro, haverá um diálogo com Washington para que se torne efetivo seu compromisso de não extradição dos referidos criminosos.
O presidente está empenhado em extinguir o último conflito interno do continente por meio de negociações com os grupos que permaneceram armados após o acordo de paz de 2016 com a guerrilha das Farc, que se converteu em partido político.
Além da negociação com os narcotraficantes, Petro está a caminho de retomar as negociações de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN), última guerrilha reconhecida na Colômbia. Durante a coletiva de imprensa, o presidente afirmou que recebeu cartas do Clã do Golfo e de outros grupos armados “pedindo paz” e uma “saída diferente” para o conflito: “Até agora, temos cartas. Temos que passar, sem dúvida, para a ação.”
O ELN, o Clã do Golfo e as dissidências que se distanciaram do acordo de paz se financiam com a receita do contrabando de drogas e da mineração ilegal.