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FMI eleva crescimento global para 2025 graças ao ‘modesto’ impacto comercial nos EUA

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou sua projeção para o crescimento global deste ano nesta terça-feira (14), reconhecendo um impacto econômico mais brando do que o esperado da política tarifária do presidente americano, Donald Trump. 

O Fundo aumentou sua projeção de crescimento global para 2025 para 3,2%, ante 3% em julho, mantendo sua projeção para 2026 inalterada em 3,1%, segundo seu relatório de Perspectivas da Economia Mundial (WEO, na sigla em inglês). 

“O impacto tarifário em si é menor do que o inicialmente temido”, disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, em Washington nesta terça-feira.

Outros fatores, incluindo a ascensão da inteligência artificial e das políticas fiscais na Europa e na China, também ajudaram a sustentar a economia global, observou.

No entanto, “o impacto tarifário está aqui e obscurece ainda mais as já fracas perspectivas de crescimento”.

– “Tudo é muito fluido” –

Desde que retornou ao poder, Trump impôs tarifas generalizadas aos produtos de importantes parceiros comerciais, como China e União Europeia, na tentativa de remodelar as relações comerciais dos Estados Unidos e incentivar a produção local.

No fim de semana, o presidente americano ameaçou aplicar novas tarifas de 100% sobre produtos da China, além das atuais taxas elevadas. 

Trump criticou a recente decisão de Pequim de reforçar os controles de exportação de minerais de terras raras, cruciais para os setores de defesa e alta tecnologia. 

“Tudo é muito fluido”, disse Gourinchas à AFP em entrevista. “Mas acho que é um lembrete muito útil de que vivemos em um mundo onde esse tipo de escalada de tensões comerciais e incerteza política pode surgir a qualquer momento”, acrescentou.

O FMI espera que a taxa de inflação global permaneça elevada, em 4,2% este ano e 3,7% em 2026, impulsionada pela inflação elevada em vários países, incluindo Estados Unidos e México.

– Melhora nos EUA, China sem mudanças –

O FMI aumentou suas perspectivas de crescimento para a maior economia do mundo em 0,1% este ano e no próximo, para 2% em 2025 e 2,1% em 2026. No entanto, isso ainda representa uma desaceleração acentuada em relação a 2024, quando o crescimento dos EUA atingiu 2,8%. 

Apesar das tensões comerciais em curso entre as duas maiores economias do mundo, o Fundo ainda espera que a economia chinesa desacelere de 5% em 2024 para 4,8% este ano, antes de desacelerar drasticamente para apenas 4,2% em 2026, em linha com estimativas anteriores. 

A desaceleração na China foi impulsionada por uma redução nas exportações líquidas, que foram parcialmente compensadas pela crescente demanda interna impulsionada por “estímulos políticos”, afirmou o Fundo. 

A América Latina permanece inalterada em 2,4%. 

O México se destaca com 1%, o que representa uma melhora em relação às previsões anteriores (+1,3 ponto percentual). O Brasil crescerá 2,4%.

Para a Índia, a projeção é de 6,6% e para o Japão, 1,1%. 

A economia alemã deve se recuperar da recessão e registrar um crescimento de 0,2% este ano. 

A França, que se encontra em meio a uma crise política prolongada, deve ver seu crescimento desacelerar para 0,7%. 

A única exceção na zona do euro é a Espanha, que apresentou melhora e agora deve manter seu crescimento: 2,9% este ano e 2% em 2026. 

Com a continuação da guerra na Ucrânia, a economia russa provavelmente registrará uma desaceleração acentuada no crescimento este ano, para apenas 0,6% (4,3% em 2024).

da/jz/nn/aa/fp

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