Chile afirma que Coronavac tem eficácia de 80% para evitar mortes
A vacina chinesa Coronavac registrou uma eficácia de 67% para prevenir casos sintomáticos de coronavírus e de 80% para evitar as mortes – aponta o primeiro estudo oficial apresentado pelo governo do Chile, após dois meses de vacinação em massa no país.
“Estes números devem transmitir tranquilidade ao país”, afirmou nesta sexta-feira o ministro da Saúde, Enrique Paris, ao apresentar os resultados do estudo realizado entre 2 de fevereiro e 1º de abril.
O estudo também mostra uma eficácia de 85% para prevenir uma hospitalização derivada de um caso grave de coronavírus e de 89% para evitar a internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
O Chile é um dos países do mundo com o processo de vacinação mais acelerado. O país já aplicou pelo menos uma dose do imunizante em 7,6 milhões de pessoas. Mais de cinco milhões receberam duas doses.
O objetivo das autoridades é vacinar antes de 30 de junho 80% da população chilena, ou seja, 15,2 milhões de pessoas. Até o momento, 33,7% dos chilenos receberam as duas doses.
Dos vacinados, 86% receberam a vacina Coronavac, do laboratório chinês Sinovac, enquanto cerca de 13% receberam a vacina Pfizer/BioNtech, de acordo com dados oficiais atualizados nesta sexta-feira.
O processo de vacinação no Chile começou em 24 de dezembro com os profissionais da saúde. No início de fevereiro, a campanha geral teve início, em um primeiro momento com as pessoas de mais de 90 anos e depois com a redução progressiva da faixa etária.
Esta semana estão sendo vacinadas as pessoas com 49 e 48 anos.
– Situação complexa –
O estudo do Ministério da Saúde do Chile considerou uma amostra de 10,5 milhões de pessoas vacinadas, não vacinadas ou parcialmente imunizadas (com apenas uma dose). Uma pessoa é considerada vacinada 14 dias após a aplicação da segunda dose da vacina.
É um dos primeiros a serem realizados para a vacina Coronavac a nível de população geral e em um contexto de forte aumento do casos de coronavírus no Chile, com um recorde na semana passada de mais de 9.000 novas infecções diárias e com a comprovada circulação no país de ao menos duas novas variantes do vírus, a brasileira e a britânica.
“Todo o processo de vacinação aconteceu em uma situação epidemiológica importante e isso é preciso ser levado em consideração na hora de analisar os resultados”, disse o assessor do Ministério da Saúde do Chile, Rafael Araos.
O estudo, entretanto, não determina especificamente a proteção da vacina contra as novas variantes, mas acredita-se que protege, já que pelo menos duas das novas variantes estão presentes nos relatórios de circulação viral do Chile.
“Os dados que temos consideram as linhagens que são predominantes agora, sejam elas quais forem. Portanto, se tem muito P1 (variante brasileira), como de fato é a suspeita, com certeza estamos considerando isso dentro do projeto (do estudo)”, explicou Araos.
– Menos eficácia na vida real –
A porcentagem de eficácia para evitar mortes é menor que a estabelecida pelo Instituto Butantan de São Paulo, que afirmou que a vacina Coronavac é 50,4% eficaz para prevenir contágios e 100% para evitar casos graves e mortes.
“Há uma decepção naturalmente” com essa comparação, mas “sempre é esperado que os resultados na vida real sejam inferiores em alguma magnitude aos resultados de um estudo clínico”, que são mais limitados e têm critérios de exclusão, explicou Rafael Araos em uma coletiva de imprensa posterior.
Além disso, durante os dois meses em que o estudo foi realizado, a população vacinada foi principalmente dos maiores de 60 anos, que possuem uma probabilidade de morte maior somente pela idade.
“Mas 80% (de eficácia) é um número significativo”, acrescentou o especialista.
O estudo também entregou dados para pessoas que receberam apenas uma dose. Depois de 14 dias, foi registrada uma eficácia de 16% para evitar uma infecção sintomática; 36% para hospitalização, 43% para internação em UTI e 40% para prevenir mortes.
Com base nesses registros, é difícil estimar a data em que o Chile poderia alcançar a tão desejada “imunidade de rebanho”, prometida pelo governo no vacinação de 80% da população antes de 30 de junho.
“É muito difícil dizer quando isso vai acontecer, mas à medida que uma maior parte da população é vacinada, estamos mais perto de uma situação melhor do que a de hoje”, concluiu Araos.