
A arte do fotógrafo é o que está fora do quadro

Neste exato segundo milhões, se não bilhões, de fotos estão sendo tomadas e expostas na web. Mas mesmo em um mundo inundado de imagens, o fotógrafo suíço Michael von Graffenried ainda acredita que o trabalho dos profissionais é indispensável.
Navegando pelas imagens vencedoras do prêmio anual Swiss Press PhotoLink externo, von GraffenriedLink externo ressalta o valor do fotojornalismo. Foi por iniciativa do fotógrafo que o prêmio surgiu há quase 30 anos, reconhecendo a diversidade do trabalho de profissionais suíços, muitos deles também presentes em veículos de mídia internacionais.
O vencedor do prêmio de imagem do ano de 2019 será anunciado na noite de hoje em uma cerimônia na capital suíça, Berna. Os 18 indicados são os fotógrafos premiados em 6 categorias (Notícias, Cotidiano, Histórias Suíças, Retrato, Esportes e Mundo) por suas diferentes abordagens para cobrir uma história, seja um incêndio na cidade de Basel, uma sociedade de Papais Noéis, ou como é ser o presidente da Suíça.
Em conversa com Eduardo Simantob, editor de Cultura da swissinfo.ch, von Graffenried explica como os jurados ‘leem’ as imagens, para poder avalia-las, e o que é preciso para os profissionais permanecerem relevantes no mundo de hoje.

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Michael von Graffenried comenta os vencedores do Swiss Press Photo Awards
Von Graffenried nasceu em Berna em 1957 e já atraiu a atenção do público no início de carreira por conta do escândalo desencadeado por suas fotos, publicadas em um jornal da capital, de políticos dormindo e cutucando o interior de suas narinas durante as sessões do parlamento.
Seu foco se ampliou no início dos anos 80 com a publicação do livro ilustrado “Swiss Image”. Era a época da cena aberta dos drogados nas grandes cidades da Suíça, especialmente Zurique, Berna e Basileia. “Acima de tudo, meu interesse é pelas pessoas.” Para a diretora de Redação da swissinfo.ch, Larissa M. Bieler, von Graffenried conta como abordou o tema em sua reportagem fotográfica intitulada “COCAINELOVE”, exibida em outdoors espalhados por Berna.

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Von Graffenried sobre COCAINELOVE
Seu trabalho mais conhecido foi produzido durante muitos anos na Argélia. Por mais de uma década, o fotógrafo suíço documentou a guerra civil dos anos 90, fotografando o país que então era evitado até mesmo pelos mais experientes repórteres estrangeiros.
Por segurança, von Graffenried raramente fotograva com o olho no visor: carregava sua câmera com lente panorâmica pendurada na altura do peito, clicando discretamente.

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A Argélia de von Graffenried
Refletindo sobre os vencedores dos prêmios Swiss Press Photo deste ano, von Graffenried diz que parte do que distingue o profissional do amador é o trabalho duro feito pelo fotógrafo antes de congelar aquele “momento único” – seja enfrentando guerras, ou desastres naturais, e a empatia vital para ganhar a confiança das pessoas, não só as retratadas como os inúmeros invisíveis anônimos que auxiliam o fotógrafo errante.
Von Graffenried também lembra que o contexto é fundamental, transportando o espectador para outra realidade, além de desafiar suas crenças e percepções.


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