O quebra-cabeça do Brasil para atender às exigências na COP30
Após evitar um embate sobre a agenda no começo da COP30, o Brasil lidera nesta terça (11) e quarta-feira negociações difíceis em Belém para conciliar as demandas dos países sobre temas-chave para os objetivos da reunião global.
A agenda da conferência foi aprovada sem atrasos ontem, mas a presidência da reunião de cúpula climática convocou “consultas informais” sobre quatro temas espinhosos: limitação do aquecimento global, financiamento, comércio e transparência de dados. As negociações devem resultar amanhã em uma sessão plenária, na qual o Brasil anunciará como planeja proceder.
A presidência da cúpula não tem poder de decisão, mas é um órgão central para que se alcance compromissos por consenso dos 197 países e da União Europeia (UE). “Alguns países discordam e mostram isso”, mas “a conversa é claramente construtiva, graças a uma presidência experiente”, apontou um observador.
Um diplomata consultado pela AFP acredita que o Brasil, apesar de sua relutância inicial, pode vir a aceitar que a COP resulte em um texto político voltado para um compromisso geral, que seria a prioridade das duas semanas de negociações. Já outra fonte que acompanha as discussões espera um texto “mais inovador”, focado apenas nos quatro temas em discussão.
A principal exigência vem da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS, na sigla em inglês), que deseja que a COP responda à falta de ambição em torno da redução das emissões de gases do efeito estufa, que torna quase inevitável ultrapassar o limite de 1,5°C de aquecimento nos próximos anos. Outros grupos, como a União Europeia e países latino-americanos, apoiam essa demanda.
A presidência “finalmente teve coragem de enfrentar esse tema”, elogiou o diplomata. Mas o grupo árabe, que inclui produtores de petróleo, criticou a iniciativa brasileira de discutir a ambição climática juntamente com os demais temas, segundo outra fonte.
A outra questão-chave, levantada por um grupo de países em desenvolvimento, é o financiamento por parte das nações ricas. O terceiro tema se refere às “medidas unilaterais” no comércio, como o imposto sobre o carbono europeu nas fronteiras, criticado por países do sul, como Índia e China.
A União Europeia, por sua vez, apresentou uma demanda sobre a transparência de dados climáticos.
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