São Paulo reabre comércio apesar de altos números da covid-19
São Paulo anunciou nesta sexta-feira (16) a reabertura de seus comércios e a autorização de cultos religiosos a partir de domingo, apesar de o número diário de mortos pela covid-19 permanecer elevado em todo o Brasil.
O estado mais populoso do país, com 46 milhões de habitantes, vai entrar em uma “fase de transição”, que também prevê a reabertura de restaurantes, salões de beleza, cinemas e teatros a partir de 24 de abril.
Desde o domingo, as lojas vão poder abrir entre as 11h e as 19h com 25% da capacidade.
Será mantida a proibição de permanecer nas ruas entre as 20h e as 5h.
Missas e outras cerimônias religiosas poderão ser realizadas em igrejas e templos, mas com número limitado de fiéis para respeitar o distanciamento social.
“Se fosse possível nos trancarmos dentro de casa por três a quatro semanas, teríamos um cenário de praticamente interrupção de transmissão [do vírus]. Mas vivemos no mundo real”, afirmou Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência da Covid de São Paulo.
Mas para o pesquisador Domingos Alves, especialista em análise de dados da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, a flexibilização é “absurda”.
“É um absurdo. Como são anunciadas essas novas medidas de flexibilização quando tudo indica que na próxima ou na outra, teremos falta de insumos para manter as pessoas dentro dos hospitais?”, afirmou.
No Rio de Janeiro, os restaurantes voltaram a abrir na semana passada.
Nesta sexta-feira, as autoridades anunciaram que vão estender as escassas medidas que ainda vigoram, entre elas a proibição de permanecer em praias para tomar banho de sol, sem a prática de esportes.
Apesar de uma queda recente no número de internações, a Prefeitura do Rio recomendou aos moradores da cidade redobrar os cuidados. Segundo as autoridades municipais, não é hora de relaxar.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, foi diagnosticado com a covid-19 na quinta-feira, quase um ano depois de uma primeira infecção assintomática. Paes apresentou sintomas de gripe e permanece isolado em casa.
O Brasil é o segundo país com o maior número absoluto de mortos – 368.000 -, atrás apenas dos Estados Unidos.
Só em março, o país registrou 66.000 óbitos pelo coronavírus, o que fez deste mês o mais letal desde o início da pandemia.
E na semana passada, bateu novos recordes ao registrar em duas ocasiões mais de 4.000 mortos em um único dia.
Essa situação não voltou a se repetir esta semana: a média móvel (que leva em conta os últimos sete dias) voltou a cair abaixo dos 3.000 óbitos diários na quinta-feira pela primeira vez desde 9 de abril.
Segundo Domingos Alves, são necessárias pelo menos três semanas de redução sustentada para identificar uma mudança de tendência.