Notícias do Brasil, Portugal e África lusófona

O que a imprensa suíça escreve sobre os países de língua portuguesa? SWI swissinfo.ch dedica este espaço para destacar e resumir os principais artigos da semana, abordando temas de diplomacia, política, ciência, tecnologia, cotidiano, entre outros.

Seja bem-vindo à nossa página de análise da imprensa suíça. Criada especificamente para falantes de português, esta seção oferece um resumo das notícias e opiniões mais recentes publicadas em jornais, revistas e portais do país.

Mantenha-se informado sobre política mundial, questões econômicas internacionais e muito mais. Tudo convenientemente resumido em uma única página.

Aqui estão as nossas últimas edições:

20 a 26 de abril de 2024

O principal tema da revista de imprensa desta semana foi a Revolução dos Cravos de 25 de abril de 1974Link externo, um evento que marcou o fim do regime fascista de Salazar em Portugal, trazendo liberdade e transformações significativas ao país.

A narrativa pessoal do autor de um dos artigos retratados reflete como seu avô sofreu sob o regime, enfrentando prisão por criticar o governo, e como a queda de Salazar aliviou a família, mas também deixou um legado de luta e sobrevivência.

Já o jornal francófono Le Temps discutiu as mudanças na comunidade portuguesa na Suíça pós-revolução, notando uma diversificação nas opiniões políticas, incluindo apoio a partidos extremistas, refletindo as transformações políticas e econômicas em Portugal.

Por fim, o Tribuna de Genebra salienta a importância histórica da revolução na transição para a democracia, ao mesmo tempo em que menciona desafios contemporâneos como o trauma das guerras coloniais e o ressurgimento da extrema direita, questionando a estabilidade dos ideais democráticos e o legado da revolução.

13 a 19 de abril de 2024

Com a aproximação das comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos, temas portugueses estiveram em alta na imprensa suíça durante a última semana.

A matéria mais interessante, nesse respeito, foi do jornal La Liberté, sobre os militantes portugueses exilados na Suíça durante o regime de Salazar.

De volta ao presente, comentaristas suíços observam o in ício dos trabalhos do novo governo português, já se perguntando quanto tempo este conseguirá se manter no poder.

E, por fim, o noticiário econômico destacou a compra da empresa de laticínios brasileira Verde Campo pela gigante suíça Emmi.

6 a 12 de abril de 2024

O desmatamento no Brasil continuou fazendo manchetes na Suíça, mas desta vez os jornais suíços apontam as gigantes da moda H&M e Zara, que são acusadas de estarem ligadas ao desmatamento ilegal no país.

A RTS fala de um relatório da ONG britânica Earthsight, que acusa as marcas de roupas H&M e Zara de estarem “ligadas” ao desmatamento ilegal em larga escala no Brasil, à apropriação de terras, à corrupção e à violência nas plantações de algodão de propriedade de seus fornecedores terceirizados. 

Já o jornal Le Courrier lembrou os milhares de brasileiros que saíram às ruas para comemorar os sessenta anos do golpe de Estado e do regime militar que se manteve no poder até 1985. O objetivo era homenagear as milhares de vítimas da ditadura e denunciar os crimes cometidos em seu nome, bem como denunciar a anistia geral de 1979, que protegeu os criminosos. Para o jornal, esse triste aniversário oferece uma oportunidade de analisar um aspecto pouco conhecido de um capítulo sombrio da história brasileira: a maneira como os círculos governantes suíços, ferozmente anticomunistas, apoiaram e lucraram com essa ditadura durante vinte e um anos.

Por sua vez, o jornal Le Temps noticiou que a Igreja em Portugal indenizará vítimas de abuso sexual. Após quatro dias de debate, os bispos portugueses concordaram com uma “compensação financeira”. Uma decisão saudada como “histórica” por alguns, mas não apoiada unanimemente por todos os fiéis. 

30 de março a 5 de abril de 2024

A imprensa suíça cobriu durante a semana uma variedade de temas relacionados aos países lusófonos, enfocando ecologia, esporte e política.

Destaca-se a notícia do jornal zuriquense NZZ sobre o desmatamento que, em 2022, liberou 2,7 bilhões de toneladas de CO2 e destruiu 4,1 milhões de hectares de florestas, principalmente na Amazônia brasileira e na Bacia do Congo, exacerbado pelas políticas de Bolsonaro, com Lula prometendo reversão.

Já o jornal Tribune de Genève destacou a contaminação por mercúrio que afeta 84% dos índios Yanomami, devido à garimpagem ilegal, mesmo com esforços de combate do governo Lula.

E na área de negócios, o Jornal dos Agricultores anunciou que o grupo suíço Axpo inaugurou uma usina de biometano em Portugal, marcando sua entrada no mercado de biometano com um projeto sustentável.

Não por menos, o tablóide Blick lembrou que presença de jogadores brasileiros na Suíça diminui em 2024, afetada por fatores econômicos e burocráticos.

O correspondente do canal SRF anunciou que revelações sobre tentativas de golpe pelo ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro para se manter no poder intensificam a pressão legal sobre ele.

23 a 29 de março de 2024

Na esteira das condenações por estupro dos jogadores Daniel Alves e Robinho, o diário zuriquenho NZZ comenta sobre “a geração mais vergonhosa do futebol brasileiro”. O jornal lembra que, apesar dos salários milionários e vidas de celebridades, esses jogadores, incluindo a estrela Neymar, jamais ganharam uma Copa do Mundo ainda por cima.

Enquanto isso, as agruras judiciais do ex-presidente Jair Bolsonaro foram destaque em diversos veículos. A semana trouxe mais detalhes sobre os planos de golpe de Estado orquestrados por Bolsonaro e vários altos oficiais das forças armadas, em especial o general Braga Neto, que concorreu nas eleições do ano passado como vice de Bolsonaro.

O furo do New York Times, relatando a tentativa de Bolsonaro de buscar asilo político na embaixada da Hungria em Brasília, também repercutiu na Suíça.

Já entre a comunidade portuguesa, a extrema-direita está em alta: nas últimas eleições parlamentares, os portugueses na Suíça votaram em massa no partido Chega. Se Portugal fosse aqui, o Chega teria ganho a eleição.

16 a 22 de março de 2024

Na semana ocorreram diversos assuntos relacionados aos países lusófonos, indo de economia, integração de migrantes, desmatamento no Brasil até eleições em Portugal ou bruxaria em Angola.

Guy Parmelin, ministro suíço da Economia, apoia um acordo de livre comércio entre a Suíça e o Mercosul, visando vantagens econômicas. No entanto, enfrenta críticas por falta de transparência, preocupações ambientais e de direitos humanos, refletindo o desafio de equilibrar crescimento econômico com responsabilidade social e ambiental.

A Suíça, reconhecida por sua riqueza linguística, tem o albanês e o português como línguas estrangeiras prevalentes, seguindo o inglês. Recentemente, o albanês superou o português como o idioma estrangeiro mais comum, apesar de ambos representarem 3,4% da população em 2022. O português, contudo, permanece mais falado em ambientes domésticos, sublinhando sua importância cultural na Suíça.

Em Angola, a acusação de bruxaria levou à morte de mais de 50 pessoas em janeiro e fevereiro, vítimas forçadas a beber uma poção venenosa pelos curandeiros para provar sua inocência. A polícia nota um aumento dessas práticas em regiões rurais, onde persiste a crença em bruxaria, com a morte pela ingestão da poção sendo considerada prova de culpa.

O desmatamento na Amazônia brasileira atingiu seu menor nível desde 2018, com uma redução de 63% nos primeiros meses do ano, apesar da perda diária significativa de vegetação. O governo Lula se compromete a combater o desmatamento, contrastando com o aumento registrado sob a administração Bolsonaro.

A direita e extrema direita ganharam força nas eleições portuguesas, lideradas pela Aliança Democrática e Chega, entre acusações contra António Costa. A comunidade portuguesa em Genebra está dividida, e os votos dos emigrantes ainda não foram contados, trazendo incerteza e destacando desafios como a dificuldade de votação dos expatriados e o desinteresse político.

O presidente argentino Javier Milei implementou políticas antifeministas, como eliminar o Ministério de Assuntos da Mulher, propor restrições ao aborto, cortar fundos para igualdade de gênero e proibir a linguagem inclusiva, desafiando avanços feministas. Em resposta, feministas argentinas resistem, promovendo a justiça social e os direitos femininos, especialmente em reação às suas ações no Dia Internacional da Mulher.

9 a 15 de março de 2024

Portugal está enfrentando tempos políticos difíceis. As opções não são muito animadoras: ou um governo de minoria, que provavelmente será instável, ou uma grande coalizão, que provavelmente intensificará o clima de protesto no país a médio prazo, ou um rompimento com o governo e uma aproximação política com o Chega. Isso não impediu a Standard & Poor’s (S&P), uma das principais agências de classificação de risco, de melhorar a classificação do país no início do mês.

Enquanto Portugal empaca na política, o Brasil acelera nos híbridos. As principais montadoras do mundo estão anunciando investimentos maciços para desenvolver modelos híbridos na maior economia da América Latina. 

E não é de hoje que empresas de fora investem no Brasil. Uma historiadora de Neuchâtel conta como os suíços instalaram fábricas no Brasil de 1736 a 1964.

2 a 8 de março de 2024

Apesar de nada ter a ver com a Suíça, os jornais suíços destacaram a volta à ativa do campeão mundial de esqui Lucas Braathen – só que agora representando o Brasil nas competições de esportes de inverno. O interesse dos suíços é claro: agora o Brasil é um dos seus mais temidos rivais na neve.

Enquanto isso, aproximam-se as eleições gerais de Portugal em que as pesquisas apontam um crescimento notável do partido de extrema-direita Chega. A plataforma de seus candidatos copia seus pares em outros países europeus, capitalizando com os escândalos de corrupção envolvendo os partidos tradicionais, de esquerda à direita, e imbuindo seu discurso de tons xenófobos e anti-imigrantes.

E, por fim, destaque tamb´ém para as iniciativas da justiça eleitoral brasileira em coibir o uso de ‘deepfakes’ nas próximas eleições municipais em outubro. O mundo estará vendo o que funciona, e o que não funciona contra a interferência da inteligência artificial num país onde fake news já fizeram bastante estrago.

24 de fevereiro a 1.º de março de 2024

Na reunião do G20 no Brasil, as discussões sobre os conflitos na Ucrânia e em Gaza impediram um comunicado conjunto devido a divergências geopolíticas. Apesar do foco do Brasil em questões econômicas, como desigualdade e tributação dos ricos, a urgência dos conflitos dominou, com destaque para a pressão da Alemanha e França por ações contra a Rússia e apoio à Ucrânia através de ativos russos congelados.

Apesar de esforços anticorrupção, 63% das empresas suíças continuam fazendo pagamentos informais em negócios internacionais, afetando tanto PMEs quanto multinacionais. A corrupção, prevalente nos setores público e privado, motiva a evasão de mercados de alto risco como Rússia e Irã. Medidas preventivas e legislação mais rigorosa têm falhado em combater efetivamente a corrupção, com empresas carecendo de precauções básicas e enfrentando poucos processos criminais.

Daniela Klette, ex-terrorista da RAF procurada por mais de 30 anos, foi capturada em Berlim vivendo como Claudia Ivone. Aos 65 anos, ela estava sob investigação por roubos, e a busca em seu apartamento revelou munições, mas não a arma. Apesar de sua longa busca, Klette manteve sua aparência e levou uma vida discreta, inclusive participando de uma associação cultural brasileira, praticando capoeira até 2020, uma revelação surpreendente para os investigadores.

Em São Paulo, milhares de apoiadores de Jair Bolsonaro protestaram contra investigações de seu suposto papel em uma tentativa de golpe após perder as eleições de 2022. Bolsonaro pediu a pacificação e anistia para seus seguidores, enquanto enfrenta investigações sobre sua participação em planos para derrubar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente se manteve em silêncio durante interrogatórios sobre os ataques de seus seguidores ao governo em 2023.

Esta lista reúne as notícias mais relevantes abordando o Brasil, Portugal e a África lusófona e publicadas na mídia helvética. Ela é constantemente atualizada. 

Se você quiser saber mais sobre a Suíça, clique no link abaixo: um site prático para apresentar a estrangeiros, turistas e suíços expatriados dicas e informações atualizadas sobre a vida no país dos Alpes.

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